As redes 5G ainda estão sendo desenvolvidas, sendo que apenas o cenário de uso definido como eMBB (enhanced mobile broadband) já está consolidado. As definições para o URLLC (ultra reliable low latency communications) e mMTC (massive machine type communications) serão apresentadas respectivamente nas releases 16 e 17 do 3GPP. No entanto, já está evidente que as redes 5G apenas irão iniciar a revolução nas comunicações móveis. A completa integração simbiótica entre os mundos digital, físico e biológico apenas irá acontecer na sexta geração de redes móveis celulares, as redes 6G.
O objetivo desta apresentação consiste em abordar as principais motivações para esta nova rede, bem como discutir os requisitos e tecnologias habilitadoras para que as aplicações visionárias sejam atendidas. Além das oportunidades, esta palestra também irá tratar dos desafios a serem vencidos para que as redes 6G possam se tornar uma realidade.
Rogerio Moreira Lima
Como será a arquitetura da rede 5G e qual a perpectiva para 6G?
no caso da rede 4G houve fusao da RNC com a nodeb criando a enodeb e a GGSN e SGNS se fundiram criando a SAE GW, e no 5G o que esperar na arquitetura da nova rede de comunicação móvel?
Luciano Mendes
A arquitetura da rede 5G será mais complexa devido a possibilidade de novos modos de operação, que precisarão ser gerenciados sob demanda, alocando os recursos de tempo, frequência, potência e capacidade computacional de acordo com a necessidade dos usuários. O relatório disponível no link abaixo traz a visão que temos para a arquitetura de uma rede 5G que seja flexível para atender todas as demandas da sociedade moderna, incluindo a necessidade de conectividade no campo e nas áreas remotas:
http://www.it.uc3m.es/fvalera/5grange/D5.2FinalVersionNetworkArchitecture.pdf
Joao de Man
Sendo otimista, as definições completas do ambiente 5G tardam algum tempo para serem disponibilizadas. Quando, na sua visão,teremos o 6G e todas suas definições disponíveis para implantação? Há candidatos aos famosos “killer app’s”?
Luciano Mendes
Olá João. As propostas para as redes 6G e suas possíveis novas aplicações começaram a ser vislumbradas recentemente. Esse processo de concepção é longo e as estimativas mais otimistas apontam 2030 como o ano em que os primeiros padrões associados com as redes 6G serão apresentados. Há algumas aplicações que têm bastante apelo para o mundo que vivemos hoje, como na parte de segurança, automação de veículos para transporte e logística, realidade virtual, entre outras. Os trabalhos organizados pela Universidade de Oulu mostram algumas dessas aplicações. Sugiro visitar o portal dessa universidade que reune os principais resultados dessa iniciativa: https://www.oulu.fi/6gflagship/
Abel Guilhermino
Pergunta ao Luciano do INATEL. Luciano, vocês atualmente usam simuladores para avaliar aspectos do 6G? Se sim, quais e como podemos ter acesso?
Luciano Mendes
Olá Abel. Atualmente nós empregamos uma solução proprietária do Inatel, baseada em GNU Radio, que está sendo empregada para a concepção de redes móveis voltadas para as áreas remotas e rurais. Essa plataforma depende de um hardware específico para a execução dos algoritmos de processamento de sinais em banda base. Nós pretendemos evoluir esse sistema para permitir o acesso remoto, de modo que engenheiros e pesquisadores possam usar essa plataforma para realização de experimentos. A Universidade Tecnológica de Dresden, parceira do Inatel no desenvolvimento das redes 5G para longas distâncias, já oferece acesso aos seus ambientes de simulação e experimentação através da Internet. Quem tiver interesse pode solicitar o acesso ao laboratório virtual da TU Dresden através deste link: http://owl.ifn.et.tu-dresden.de/testbed/tutorial/
JoaoZef
Professor Luciano, como referiu na sua apresentação, de acordo os estudos madatórios do 6G, no ambito de toda a integração que esta tecnologia poderá trazer e a contribuição que a engenharia eletrónica e ciencia da computação oferece como AI, Cloud computing, ML e outras, acredita que as telecomunicações podem ganhar no 6G diminuição do tamanho da sua infraestrutura, ou seja, termos uma BSC, BSS transformada em simples PC?
Luciano Mendes
Olá João. Eu acredito que soluções open access e baseadas em processadores de propósito geral serão mandatórias para a evolução das redes móveis. Já podemos ver hoje soluções 100% compatíveis com as releases 14 e 15 operando totalmente em computadores convencionais. Isso abre uma nova possibilidade para novos players no mercado de infraestrutura de telecomunicações e irá exigir agilidade e flexibilidade por parte dos grandes fabricantes.
Edison Roberto Morais
Em primeiro lugar, parabéns pela apresentação.
Tenho algumas questões nesses cenários, dentre elas:
a) Interferências entre os feixes de comunicação, dentre eles os dos sistemas privados e públicos.
b) Interferências geradas pelas harmônicas e pela reflexão de sinais.
c) Possíveis ações nocivas sobre os seres vivos.
Apreciaria seus comentários.
Muito obrigado antecipadamente
Edison R. Morais
Luciano Mendes
Olá Edison. Fico grato em saber que tenha gostado da apresentação.
Vou tentar responder às suas dúvidas a seguir:
a) A interferência entre sistemas legados é sempre um desafio, em função da alocação de frequência que segue um modelo muito compartimentado. No entanto, o uso de rádio cognitivo e de inteligência artificial irá mitigar esse problema nos próximos anos. As futuras redes de comunicação irão colaborar entre si ao invés de brigar por espaços no espectro de frequência e o sensoriamento espectral, aliado com um ciclo cognitivo das redes inteligentes, permitirá a coexistências de novas redes com sistemas legados.
b) Essa mesma inteligência que irá mitigar a coexistência entre os diversos tipos de redes será empregado para minimizar as emissões espúrias. Direcionamento de feixes em sistemas com múltiplas antenas transmissoras irão permitir o apontamento do feixe apenas para os usuários de interesse e o uso de técnicas como pré-distorção digital adaptativa irão reduzir as emissões fora da faixa, evitando as interferências.
c) Esse assunto está sempre em pesquisa e é uma preocupação constante entre os pesquisadores. Os estudos realizados até o momento mostram que o uso de frequências não-ionizantes não afetam diretamente os tecidos biológicos, mas este é um tema em constante pesquisa e nunca negligenciado pela comunidade científica.